Bancada de mós

Bancada de três casais de mós francesas

Três casais de mós francesas montados na bancada existente no corpo central da moagem, construída em ferro fundido e madeira, e que apresenta a marca “EGC Edgard”. A transmissão de potência, feita por correia em lona, engatava primeiramente num tambor livre, existente por debaixo da bancada e que tinha por função minimizar o esforço do motor face à inércia dos mecanismos. Posteriormente, fazendo deslizar a lona por meio de alavanca, a potência passava para o eixo da bancada, por meio de um tambor fixo. Este eixo tem acoplados três carretos, rodas dentadas em ferro que permitem engrenar uma força, neste momento de rotação horizontal, nas peças que estão posicionadas perpendicular e imediatamente por cima: novos carretos feitos maioritariamente de ferro, mas que apresentam a característica de terem os dentes feitos em madeira de zambujeiro. A potência é neste momento de rotação vertical e é distribuída para cada um dos três casais de mós através de veios que engatam em segurelhas de balanço ou segurelhas francesas. Estas transmitem a rotação às mós. Designam-se por mós francesas aquelas que, ao invés das nacionais, produzidas com pedra nacional, por exemplo calcário, são cintadas em ferro, cheias com cimento ou outro aglomerante e somente nas faces de moagem apresentam pedra, normalmente quartzo de água doce. No caso da Moagem de Sampaio, o quartzo que compõe as mós foi extraído da região de La Ferté-sous-Jouarre (França), que foi conhecida em tempos como sendo a zona que no mundo permitia a produção das melhores pedras para mós. Das várias companhias de produção de mós que existiam e cujos registos se conhecem desde o séc. XVI, somente algumas subsistiram até ao séc. XX. Uma delas foi a Grand Société Meulière Dupéty Orsel et Cie, que assumiu esta designação a partir de 1911, ainda que a sua origem remonte a tempos mais recuados. As pedreiras propriedade desta companhia eram de pequenas dimensões e a exploração variava muito frequentemente. Assim que se esgotavam as pedras que viabilizavam a produção, os locais eram abandonadas e cheios com água. Respeitando um ritmo de trabalho exaustivo os operários produziam originalmente monólitos, mós feitas de uma única peça. Porém, a crescente dificuldade em encontrar peças com as dimensões necessárias obrigou ao seu fabrico composto de aglomerados, feito portanto de diferentes elementos, facto atestado pelos exemplares da Moagem de Sampaio. Tradicionalmente, um casal de mós é composto pelo “poiso” (mó de baixo) e pela mó de cima, propriamente designada de “mó andadeira”. Os casais de mós foram concebidos, ao longo do tempo, com tamanhos diferentes, a que correspondiam também distintas velocidades ideais de funcionamento. Conheceram maior sucesso as mós de 120 cms de diâmetro que obtinham melhores resultados funcionando próximo das 122 rotações por minuto. É este o caso das peças que permanecem na moagem de Sampaio.
É ainda de referir que permanece por debaixo da bancada um aparelho de arrefecimento das mós por sucção, da “Secção de Moagem” da marca “H. Vaultier e Cª”, empresa portuguesa, que, aspirando o ar de dentro da saias, permitia reduzir o aquecimento que poderia prejudicar a farinação. Todo o conjunto está em funcionamento.

Fabricante:

E.C.G. Edgard (bancada) e Grand Société Meulière Dupéty Orsel et Cie (mós francesas)

Época de Fabrico:

Década de 1930. Mós francesas instaladas em Dezembro de 1939 e Fevereiro de 1940.

Parceiro:

Moagem Sampaio

O que pode ver

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