Sala das Máquinas da Central Termoeléctrica de Massarelos

Sala das Máquinas da Central Termoeléctrica de Massarelos

A Sala das Máquinas constituí o núcleo mais nobre da antiga Central Termoeléctrica de Massarelos e mantem até aos nossos dias um importante conjunto de máquinas datadas das décadas de 1920 a 1950, provenientes da Suiça e Alemanha, que se encontram implantadas no edifício e que se destinavam à produção de energia eléctrica. Pertencem a este núcleo comutatrizes, excitatrizes, transformadores e rectificadores que, interligados entre si constituíam uma cadeia de produção que, por sua vez, se ligava a um Painel de distribuição e transformação e a um Painel e Mesa de controlo das máquinas.
A Central Termoeléctrica de Massarelos constitui um dos exemplares únicos do património arqueológico, enquanto testemunho da actividade humana, e industrial pela sua riqueza histórica em artefactos e memórias intimamente ligados à cidade do Porto. A história deste edifício situado na margem norte do rio Douro e junto à foz do mesmo, adveio de uma necessidade crescente em satisfazer as exigências tecnológicas da rede de tracção eléctrica, e ao crescimento económico de uma empresa em franca ascensão na cidade, enquanto empresa de transportes públicos da área metropolitana do Porto.
O crescimento do número de viagens realizadas entre a Boavista, a Foz e Matosinhos exige à empresa de transportes, então denominada Companhia Carris de Ferro do Porto, a intensificação da frota de veículos com o objectivo de a tornar mais rápida e eficaz. A inauguração de uma rede de tracção eléctrica, em 1895, permitiu a partir de então ultrapassar os obstáculos impostos pela geografia da cidade. Mas, a existência de um sistema de rede eléctrica na cidade que permitia que os carros aí circulassem, estava intrinsecamente ligada à existência de uma central geradora de energia.
Já em 1911 decorriam as obras da Central Termoeléctrica de Massarelos e em 1915, a conclusão do edifício permitiu encerrar a antiga Central do Ouro, absorvendo parte dos seus equipamentos, e permitindo iniciar uma nova fase de alimentação da rede eléctrica urbana.
O edifício foi sendo, ao longo dos anos, estruturalmente modificado para acolher novos equipamentos. Entre 1921 e 1924, a Central de Massarelos sofreu as primeiras obras de ampliação com o prolongamento dos dois corpos do edifício existente e que permitiram criar condições de armazenamento do carvão, proveniente de S. Pedro da Cova, assim como dar lugar às novas caldeiras e chaminé.
Em 1929 fazem-se novas alterações preparando a Central para um novo grupo gerador. Tratava-se da instalação das caldeiras Walther, cuja montagem se conclui em 1931 e 1932.
Em 1930 a administração da Companhia Carris de Ferro do Porto sente que há necessidade urgente em substituir as máquinas da Central iniciando um novo projecto de ampliação com a aquisição de mais um novo grupo gerador de energia e de todos os equipamentos a ele inerentes, tais como um gerador de vapor, o turbo-grupo sob a forma de corrente trifásica e os grupos conversores de corrente trifásica em corrente contínua, ou seja, as comutatrizes, excitatriz e os rectificadores. Assim, as novas instalações da Central Termoeléctrica iriam albergar dois geradores de vapor de 23,510 metros de altura, da marca Walther & Cia de Colónia.
Em 1933 iniciaram-se também, os trabalhos de construção das novas celas para instalação de transformadores de corrente de alta tensão da União Eléctrica de Portugal.
A instalação comportava um total de de 12 celas de cimento armado construídas no segundo piso do quadro de distribuição existente. O quadro e a mesa de comando destinavam-se a simplificar o comando do grupo reunindo todos os equipamentos necessários num só local.
A instalação de dois rectificadores de vapor de mercúrio de 1000Kw, com 12 ânodos, previam ainda a junção de um terceiro e junto a cada rectificador existiam as bombas de vácuo e as bombas de óleo accionadas por motor. Foi ainda montado um grupo de refrigeração, feita em circuito fechado através do arrefecimento provocado pela circulação da água do rio Douro.
A iluminação da Central era também possível graças aos transformadores auxiliares substituindo, desta forma a instalação eléctrica existente até à data (1930) e que já estava em mau estado.
Assim, até 1930 as antigas máquinas da Central asseguravam o abastecimento dos carros eléctricos em circulação na cidade do Porto sendo, nesta data, solicitada autorização para a aquisição de um novo turbo-grupo de 5000Kw por questões de segurança. Em 1935 são totalmente desmontadas as caldeiras provenientes da antiga Central do Ouro.
A capacidade máxima de produção era assim atingida de forma constante pelo que rapidamente, no espaço de sete anos, se tornou necessário justificar a aquisição de turbo-grupos de reserva com potência de 6300Kw. Para reforçar ainda o sistema de produção de energia foi solicitado um terceiro gerador de vapor de capacidade igual à dos geradores Walther existentes, e um rectificador a vapor de mercúrio também de capacidade igual à dos rectificadores adquiridos em 1930, facto que só se concretizou em 1936.
Em 1937 a Companhia Carris de Ferro do Porto lança um novo projecto para a ampliação da Central de Massarelos. Foi adquirido um gerador Babcock Wiklcox, comummente designado por caldeira nº3, e um turbo-grupo de 6.300Kw da construtora Brown Boveri. É ainda proposta a instalação em 1937 do sistema eléctrico do grupo do qual faziam parte uma mesa de comando e dois painéis de mármore e as respectivas celas de alta tensão.
No entanto, em 1941 é colocado na Central de Massarelos o posto de transformação da União Eléctrica Portuguesa que assegurava a interligação da central com a rede daquela empresa, fornecendo-lhe energia.
Entre os anos de 1949 e 1955, com a municipalização da Companhia Carris de Ferro do Porto, a antiga Estação do Ouro e seus terrenos são vendidos enquanto na Central de Massarelos ocorrem novas modificações estruturais e tecnológicas. Neste contexto, em 1957 é dada licença pela Direcção Geral dos Serviços Eléctricos para a instalação de uma Subestação transformadora que, só em 1960 começa a funcionar. Esta fornecia a energia já transformada às novas subestações do “tipo abandonadas”, ou seja, sem a presença constante de funcionários, que se espalhavam ao longo da rede urbana dos recém-criados Serviços de Transportes Colectivos do Porto.
Durante a década de 1960, com a instalação e funcionamento desta nova Subestação de Massarelos, dá-se um ponto de viragem nos sistemas tecnológicos aplicados e que pertenceram à história do próprio edifício. Parte da maquinaria foi desmontada e vendida, mantendo-se as comutatrizes, os rectificadores e os seus equipamentos complementares, actualmente aí existentes, ainda em funcionamento até ao ano de 1998. Neste ano, os antigos equipamentos foram definitivamente desligados e entregues ao museu.

Contactos:

tel: +351 22 6158185, fax: +351 22 5071150, email: museu@stcp.pt

O que pode ver

  • Conjunto de comutatrizes

    Conjunto de comutatrizes

    As comutatrizes faziam a ligação entre os turbo-grupos de vapor e os rectificadores. O Turbo-grupo transformava a energia calorífica em energia eléctrica e, por sua vez, passava-a para as comutatrizes que ao receberem a energia eléctrica, sem interrupções, a passava para os Rectificadores através de grandes cabos dispostos por baixo do chão do edifício....

  • Conjunto de rectificadores de vapor de mercúrio

    Conjunto de rectificadores de vapor de mercúrio

    O Rectificador com cuba de mercúrio permitia rectificar a corrente eléctrica através da ebulição do mercúrio. Este gás proporcionava à electricidade um campo privilegiado de rectificação.
    Quando as correntes eléctricas eram elevadas dava-se privilégio aos rectificadores em cuba metálica hermética.
    O rectificador de vapor de mercúrio sobrepôs-se, na década de 1920 e até aos anos de 1940, aos sistemas de refrigeração que envolviam as máquinas rotativas, como os turbo-grupos geradores e as comutatrizes montadas inicialmente.

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  • Sala dos refrigeradores

    Sala dos refrigeradores

    Esta sala, no piso inferior ao da Sala das Máquinas, possui três conjuntos de bombas de refrigeração através de um circuito de água. Cada um dos refrigeradores corresponde a um rectificador.

  • Painel geral eléctrico da sala das máquinas

    Painel geral eléctrico da sala das máquinas

    O grande painel da Central Termoeléctrica de Massarelos permitia interligar os equipamentos que pertenciam ao processo de produção de energia eléctrica e sua transformação. A energia era, a partir daqui, distribuída pela rede de tracção eléctrica da Companhia Carris de Ferro do Porto até às várias subestações transformadoras. Se ocorresse alguma avaria na rede era detectada neste painel e rapidamente reparada pela equipa de serviço que se deslocava ao local se necessário.

Localização:

Alameda Basílio Teles, 51, 4150-127 Porto

Como chegar cá?

Da Praça da Liberdade no Porto

1. Seguir sul em frente Praça da Liberdade
2. Inverter a marcha
3. Virar à esquerda em direção a R. do Dr. Magalhães Lemos
4. Continue até R. de Elísio de Melo
5. Continue até Túnel de Ceuta
6. Continue até R. de Clemente Menéres
7. Continue até R. d'Alberto Aires de Gouveia
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9. Curvar ligeiramente à direita em direção a Alameda de Basílio Teles

Vindo do Sul
1. Sair para Via Panorâmica
2. Virar à direita para continuar na Via Panorâmica
3. Seguir pela 1.ª à esquerda em direcção a R. do Gólgota
4. Virar à esquerda em direção a Travessa do Gólgota
5. Seguir pela 1.ª à direita em direcção a R. do Cap. Eduardo Romero
6. Virar à esquerda para continuar na R. do Cap. Eduardo Romero
7. Seguir pela 2.ª à esquerda em direcção a R. da Restauração

Museu do Carro Eléctrico do Porto